- romance que tem como tema principal o problema da existência do homem no mundo.
- a transcendência do eu que constitui a aparição, encontro do eu consigo mesmo, zona de fulguração íntima, de evidência da vida e da morte, nó de um caminho que leva à explicação dos silêncios, da nostalgia, da angústia existencial.
- Alberto, o único filho solteiro do Dr. Álvaro Soares, médico e lavrador, e de D. Susana, tem dois irmãos: Tomás, engenheiro agrónomo e lavrador, casado com Isaura e com muitos filhos, é o preferido do pai. Evaristo, o preferido da mãe, é o mais novo tem o curso geral dos liceus e é casado com Júlia, filha de um industrial rico, tem um filho.
- Nasceu na Serra da Estrela.
- Vive uma infância em comunhão com a Natureza aliada à figura materna.
- Após a morte do seu pai, Alberto parte para Évora onde vai ser professor de Português no Liceu.
- procura encontrar a verdade da vida, o que se torna muito angustiante porque é acompanhada de um sentimento de solidão e incompreensão por parte de quem o rodeia, como alguns membros da família Moura, família burguesa da cidade com quem Alberto Soares se relaciona.
- Estabelece amizade com o Dr. Moura, antigo conhecido de seu pai, e com as suas filhas: Ana (casada com um Homem rude e distante chamado Alfredo), Sofia (uma mulher problemática com quem Alberto terá um relacionamento conturbado) e a doce e angelical Cristina.
- Através de Moura ainda conhecerá outras figuras da cidade, como o engenheiro Chico, (com quem travará alguns embates de ordem politicas e filosóficas) e Carolino, o Bexiguinha (jovem aluno seguidor de Alberto).
- Apenas Ana e Sofia se sentem mais próximas da personagem principal por serem suas alunas espirituais. Além das aulas no Liceu, dá aulas particulares de Latim a Sofia, e acaba tendo com ela um relacionamento secreto.
- Com o fim de ano, a cidade que tão bem acolheu Alberto começa a tornar-se hostil. O Director do Liceu repreende-o pelo conteúdo filosófico pouco apropriado das suas aulas.
- Chico, que a princípio era seu amigo, passa a ser seu opositor em relação às suas ideias existenciais e Sofia passar a namorar Carolino, mas continua a visitar o professor.
- Num trágico acidente de carro, dirigido por Alberto, Cristina morre deixando o ambiente ainda mais perturbado.
- Carolino começa a demonstrar um comportamento psicótico e violento, com ciúmes de Alberto e Sofia, tenta matar o professor que o subjuga e humilha, por isso vinga-se no elo mais fraco do triângulo amoroso, matando Sofia.
- Viver em Évora torna-se impossível para Alberto, muda-se para Faro, onde se casa, tem filhos e envelhece. Com a morte da mãe, vai visitar o casarão da sua família e inicia a narração do começo da história.
- é visível a filosofia existencialista, quando Alberto procura o «eu» verdadeiro, que surge em numerosas manifestações do quotidiano.
- No fundo, Alberto sente a constante necessidade de se encontrar a si mesmo; por isso, vive em permanente conflito com a sua condição humana.
- Em situação alguma, Alberto pondera a intervenção divina pois considera que a sua existência nada pode mudar. Nesta busca de si próprio Alberto experimenta fundamentalmente a rejeição, a solidão e a angústia.
- esta citação da obra reflete a essência deste romance existencialista:
«Penso, penso. Não, não penso: procuro. Outra vez. Não, não quero “saber”, sei já há tanto tempo… Mas nenhum saber conserva a força que estala no que é aparição. Porque o escrevo de novo? A verdade é que nada mais me importa. E todavia um estranho absurdo me ameaça: quero saber, ter, e uma aparição não se tem, porque não seria aparecer, seria estar, seria petrificar-se. Queria que a evidência me ficasse fulminante, aguda, com a sua sufocação, e aí, na angústia, eu criasse a minha vida, a reformasse.»
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