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TEMPESTADE -RESUMO

21 Jul

 

Decorria o “Concílio dos Deuses Marinhos”, quando a armada portuguesa, foi interceptada por uma tempestade proveniente dos ventos que Eolo soltara por ordem dos deuses.

Também no momento em que a tempestade se aproximou, estavam os navegadores entretidos com a história do “Doze de Inglaterra”, contada por Fernão Veloso.

É este um episódio simbólico em que se entrelaçam os planos da viagem e dos deuses, portanto a realidade e a fantasia.

Esta tempestade é o último dos perigos que a armada lusitana teve que enfrentar para chegar ao Oriente, e Camões descreve-a de uma forma bastantes realista, tanto relativamente à natureza, quando refere a fúria desta (relâmpagos, raios, trovões, ventos), como relativamente ao sentimento de aflição sentido por parte dos marinheiros.

O episódio começa por referir a tranquilidade com que se navega em direcção à Índia, assistindo-se depois ao desenlace da tempestade que o poeta descreve de maneira muito real. De seguida é narrada a súplica de Vasco da Gama a Deus = “Divina Guarda, angélica, celeste,”, o qual utiliza argumentos como a preferência por uma morte heróica e conhecida em África, a um naufrágio anónimo no alto mar e o facto de a viagem ser um serviço prestado a Deus. O término da tempestade vem quando Vénus decide intervir ordenando às “Ninfas amorosas” que abrandem a ira dos ventos, seduzindo-os.

Como se pode verificar, mais uma vez, Vénus ajuda os Portugueses a atingir o seu objectivo, visto que os considera um povo semelhante ao seu amado povo latino. Quando a tempestade acaba, os Portugueses avistam a Índia a 17 de Maio de 1498.

  1. Os nautas ouviam a história de Fernão Veloso, quando o comandante, olhando os céus, toca o apito despertando os que dormiam e ordena que recolham as velas mais altas pois o vento está a crescer.
  2. Ainda não tinham terminado a recolha das velas, quando rebenta a tempestade. O mestre volta a ordenar que amarrem a grande vela, mas os ventos indignados não esperam e despedaçam-na com um ruído tal que parecia o mundo a ser destruído.
  3. Os gritos dos marinheiros aterrados e confusos da nau São Gabriel ferem os céus, pois quando a vela rompe, o navio começa a meter água. O mestre grita para que lancem carga à água e que usem as bombas.
  4. Os soldados, empenhados, correm a dar à bomba, mas os balanços atiraram-nos contra a amurada. Três nautas não eram suficientes para segurar o leme, tendo que o prender com cordas.
  5. O vento não podia mostrar mais crueldade do que para derrubar a forte torre de Babel. A possante nau lembrava um pequeno batel nas ondas imensas, causando admiração conseguir suster-se naquele mar.
  6. A nau S. Rafael encontra-se com o mastro partido e quase toda alagada e os nautas chamam Cristo em gritos tão vãos como os gritos vindos da nau Bérrio, embora o mestre tivesse controlado a situação antes que o vento destruísse tudo.
  7. As ondas ora os subiam, ora parecia que os desciam ao Inferno. Os ventos do sul queriam destruir o mundo e os raios pareciam incendiar todo o firmamento.
  8. As aves marinhas cantavam tristemente recordando o pranto causado pelas águas. Os golfinhos nem nas covas marítimas encontravam águas sossegadas.
  9. Nunca Vulcano fabricara raios assim contra os Gigantes, nem Júpiter atirou relâmpagos assim durante o dilúvio.
  10. Quantos montes as ondas derribaram, quantas árvores arrancaram, raízes viradas para o céu, areias do fundo do mar revolvidas, eram as consequências de tal tormenta.
  11. Vendo Gama que se perdia tão perto do fim da viagem, ora subindo aos céus, ora descendo aos infernos, e cheio de temor, dirige-se à Divina Providência.
  12. Apostrofa a Divina Guarda que deu refúgio aos Hebreus, livrou S. Paulo e defendeu Noé.
  13. Se o capitão receia mares perigosos no fim de tantos perigos, porque ficam desamparados se as suas aventuras não ofendem Deus e só visam servi-Lo?
  14. Inveja os venturosos que morreram na luta pela fé em terras Mauritanas que se imortalizaram pelos seus feitos.
  15. Os ventos lutavam como touros, acrescentando força à tormenta, assobiando por entre os cabos, enquanto relâmpagos e trovões, qual guerra dos elementos, pareciam fazer o céu cair dos eixos sobre a terra.
  16. Surge Vénus, estrela da manhã, deusa do amor e mensageira da bonança que afugenta Oríon, mensageiro da tempestade.
  17. Vénus crê que a tempestade é obra de Baco e manda as Ninfas pôr grinaldas de rosas.
  18. Mostrando aos ventos a beleza das Ninfas, manda abrandar por amores a sua força.
  19. Logo que as viram, perderam as forças com que antes lutaram, obedecendo-lhes, Oritia disse a Bóreas, que tanto lhe queria:
  20. Como pode a ninfa acreditar num vento feroz, no seu amor? Se não põe freio a tanta loucura, não poderá mais amá-lo, pois o amor dela converter-se-á em medo.
  21. O mesmo faz Galateia a Noto que de contente de ver que a dama o manda, logo abranda.
  22. As outras fizeram o mesmo aos outros amadores que se entregaram a Vénus que lhes prometeu eternos favores se forem leais nessa viagem.
  23. Já amanhecia nos outeiros da Índia, quando do alto da gávea os marinheiros avistaram terra. Já longe da tormenta, o medo voa dos peitos e o piloto afirma que chegaram a Calecut.
  24. O piloto continua a dizer que se não desejam mais terra, ali acaba a aventura, pois chegaram à Índia. Acabado o sofrimento, Gama ajoelha-se e alegremente agradece a Deus.
  25. Tinha razão em dar graças, pois não somente encontrou o que buscava, mas também se livrou de perigos e cansaços vários, bem como da morte, como se tivesse despertado de um pesadelo.